11/07/2015


Por tempo indeterminado... a padaria encerra!




Todavia, volto ao antigo pouso.

Obrigado!

27/03/2015

A carreira 21 - Os da paragem.



Do outro lado da estrada mirou a paragem. Estava vazia. Já por diversas vezes se tinha aproximado, rondado o sítio, fitado algumas pessoas, mas sempre por tempo curto, numa fugida, sem se demorar. Parecia até que temia, não sabia bem porquê, nem sequer sabia se era esse o sentimento, mas o certo era que por alguma razão não queria ali estar. Deixara portanto de falar com as pessoas, de as escutar e de as observar.

Há tempos, concluíra que, de algum modo, as pessoas o aborreciam, e incomodava-o essa sensação. E seria essa então a razão pela qual se afastara desta e de todas as outras paragens. O problema não era aquelas pessoas em particular, com quem ali convivia. Não! Mas as pessoas, o mundo, a sociedade, a gente, os passantes, os mirones, os comentários inúteis, fúteis, carregados de faz-de-conta, roçando a indiferença e que saíam em série, qual máquinas que executam e não pensam, apenas executam, Copiativos, portanto.

Decidiu atravessar a estrada e sentou-se. Não muito tempo depois, alguém que já conhecia daquela e de outras paragens, sentou-se a seu lado. Sorriram-se pela boa surpresa da companhia e após algum tempo em silêncio o outro, um que se dizia pelas bandas que era o "homem elástico", questionou-o:

   - Já posso subir ao 6º esquerdo, por em andamento o Carmina Burana, e anunciar que voltaste?
   - Meu caro, o Carmina Burana e outros que tais, não tocam no 6ª esquerdo. Por lá a música é outra. Além de que o 6º esquerdo está ainda impregnado com o cheiro, as palavras, os sons e imagens dela... percebes?! Pelo que...
   - Deixa-te de coisas coisas, Mr!
 

Entretanto um outro se ajuntara, sentando-se na outra ponta do banco, também este conhecido de outras paragens. Trazia na mão um pacote de pipocas e levando-a ao fundo, remexeu, tentando apanhar os grãos de milho inflamado que restavam, e encheu de novo a boca. Sentados lado a lado, pensativos, ouviam-no mastigar, e irrompendo o silêncio "o da Cidade", disse:

   - Anda lá com isso pá, as pipocas estão a acabar! Ainda te demoras?! E deixa-te de coisas ranhosas e esquisitas de que as pessoas te aborrecem...
   - Alto lá! Esquisito o quê? Não penses que é como aqueles em que tudo os aborrece, e que já estão fartos de rotinas e decidem experimentar coisas novas. Naaaahhh! Nada disso! Vamos lá ver...!


Formou-se logo ali uma algazarra, e falavam todos em simultâneo.
Rematando e calando-os, disse-lhes:

   - Bem, tenho aqui o Folheto Semanal.

E elevou-o para que os do lado o pudessem ver, abriu-o e disse:

   -Vamos lá ver o que temos esta semana... hmmm, ao que parece há hamburguers... hmmm, e eu já comia...!!








Esta semana há...